A seca recorde afeta a navegação no Rio Amazonas e tem consequências preocupantes para o transporte de cargas na região. O Super Terminais, um porto privado essencial para atender à Zona Franca de Manaus (ZFM), ficou parado por mais de um mês, sem receber navios cargueiros.
A situação de estiagem é alarmante em grande parte do estado do Amazonas, com 59 dos 62 municípios em situação de emergência, incluindo a capital Manaus.
Localizado no bairro Colônia Oliveira Machado, na Zona Sul de Manaus, o Super Terminais ficou sem receber navios desde o dia 19 de setembro. Após mais de um mês de espera, apenas um navio conseguiu atracar no porto, o Izmir, da MSC, que transportava apenas 10% de sua capacidade de carga.
No último sábado (21), o navio Izmir chegou ao porto com 140 contêineres abastecidos com insumos para a Zona Franca de Manaus. Esta semana, partiu de Manaus com 110 contêineres abastecidos.
Marcello Di Gregorio, diretor do Super Terminais, explicou que a operação foi extremamente complexa. Segundo ele, o navio Izmir possui características especiais, sendo menor do que os navios convencionais, o que permitiu que ele passasse pelas áreas mais críticas do rio. Diversos cálculos foram necessários para garantir o sucesso desta operação.
Segundo Gregorio, as secas normalmente afetam o transporte de cargas, mas não impedem a navegação. Geralmente, nessa época, os navios que chegam a Manaus têm sua capacidade reduzida em cerca de 40%. No entanto, devido à seca histórica deste ano, a situação é um pouco mais preocupante.
Em condições normais, mesmo durante a seca, o Super Terminais recebe uma média de cinco navios por mês.
De acordo com Gregorio, antes de chegar a Manaus, os navios precisam passar por dois trechos críticos. Um deles é o trecho conhecido como Tabocal, que fica no Rio Amazonas, próximo à cidade de Itacoatiara. Nessa região, os navios transportam insumos essenciais para a Zona Franca de Manaus. O outro trecho problemático fica na foz do Rio Madeira, também próximo de Itacoatiara.
Muitos navios têm encontrado dificuldades para passar por esses trechos e acabam ficando pelo caminho.
Gregorio ressaltou que, apesar da seca histórica, a profundidade da água no Super Terminais é favorável, facilitando as operações de atracagem. O problema principal está na passagem dos navios na Foz do Rio Madeira e no Tabocal. Se não fossem esses obstáculos, o porto estaria operando normalmente.
Especialistas e parceiros consultados pelo Super Terminais estimam que o nível dos rios pare de baixar nos próximos 20 dias. Com isso, espera-se que as condições melhorem em Manaus e que a navegação volte a fluir normalmente.