Operação Sem Sabor: Corrupção na Gestão de Arthur Virgílio Neto
Manaus – A Polícia Federal (PF) desencadeou a Operação Sem Sabor na manhã desta terça-feira, 25 de fevereiro, revelando um esquema de corrupção durante a administração do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, em 2020. A investigação se concentra em fraudes na aquisição de kits de merenda escolar no contexto da pandemia de Covid-19, evidenciando desvios milionários, superfaturamento e manipulação de contratos. Um nome que se destaca nesse episódio é o de Kátia Helena Serafina Cruz Schweickardt, então secretária municipal de Educação, que atualmente ocupa o cargo de Secretária da Secretaria de Educação Básica (SEB) no Governo Lula.
Detalhes da Operação
A operação mobilizou 30 agentes da PF e cumpriu seis mandados de busca e apreensão em condomínios de luxo e sedes de empresas em Manaus. As investigações são resultado de denúncias iniciadas em 2020, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades na compra de kits de merenda pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), sob a liderança de Schweickardt. A aquisição, realizada sem licitação, teve um valor de R$ 11,4 milhões e beneficiou a empresa A Chaves Coimbra, que não tinha experiência ou estrutura para fornecer os alimentos. Auditorias do TCU e do Ministério Público Federal (MPF) apontaram um superfaturamento de R$ 2,8 milhões, com produtos como achocolatado em pó e feijão carioca comprados por preços bem acima do mercado.
Esquema de Fraude
De acordo com a PF, o esquema incluía a manipulação de processos, falta de planejamento e repasses suspeitos. Documentos bancários revelaram que parte do dinheiro pago pela prefeitura foi rapidamente transferido para outra empresa, sugerindo um conluio entre servidores, empresários e intermediários. A empresa contratada, cuja sede era desconhecida, foi escolhida em um processo que levantou dúvidas sobre sua capacidade de cumprir o contrato, comprometendo a alimentação das crianças da rede pública durante a crise sanitária.
Kátia Schweickardt e o Contexto Atual
Kátia Schweickardt foi mencionada pelo TCU na denúncia de 2020 junto a outros ex-gestores da Semed, como Leís da Silva Batista e Maria de Nazaré Monteiro Normando, sendo ela a responsável direta pela pasta na época. Sob sua liderança, o programa “Hora da Merenda” foi criado para justificar a aquisição dos kits, autorizada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) devido à pandemia. Contudo, o TCU destacou a falta de justificativa legal para a dispensa de licitação e um claro direcionamento na escolha do fornecedor, o que limitou a concorrência e aumentou os custos.
Atualmente, em 2025, Schweickardt ocupa um cargo de destaque no Governo Lula, liderando a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação. Sua ascensão no cenário nacional contrasta com a retomada das investigações sobre sua gestão em Manaus. A Operação Sem Sabor, que visa aprofundar a coleta de provas como contratos e registros financeiros, reacende o debate sobre a responsabilização de figuras públicas envolvidas em escândalos passados. Os investigados podem responder por crimes como fraude à licitação, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa, com penas superiores a 25 anos de prisão.
Enquanto a PF continua a desvendar os detalhes do esquema, a presença de Schweickardt no Governo Lula levanta questões sobre a permanência de nomes associados a gestões marcadas por suspeitas de irregularidades. A população de Manaus, que testemunhou o desvio de recursos destinados à merenda escolar em um momento crítico, agora acompanha os desdobramentos de um caso que conecta passado e presente em uma trama de poder e corrupção. A PF promete novas informações ao longo do dia, mas o impacto político dessa operação já ultrapassa as fronteiras do Amazonas.
Leia mais sobre a Operação Sem Sabor e suas implicações.
